segunda-feira, 31 de julho de 2006

Mário Quintana: 100 anos de poesia.

Os poemas*

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...






Nada melhor que começar a semana com poesia. Com poesia de Mário Quintana. 

Nascido há 100 anos, sua poesia tem uma linguagem simples, mas não pense que isso seja ruim. Pelo contrário, segundo a cultura popular, adaptando à Literatura, escrever simples não é fácil. 

Entretanto, é na simplicidade que se encontra o belo. Sendo assim, é mais do que natural ler beleza nos poemas de Mário Quintana. E já que o assunto é beleza e poesia, mais um pouco de simplicidade em sua melhor expressão!



Tão linda e serena e bela
*


Tão lenta e serena e bela e majestosa vai passando a vaca

Que, se fora na manhã dos tempos, de rosas a coroaria
A vaca natural e simples como a primeira canção
A vaca, se cantasse,
Que cantaria?
Nada de óperas, que ela não é dessas, não!
Cantaria o gosto dos arroios bebidos de madrugada,
Tão diferente do gosto de pedra do meio-dia!
Cantaria o cheiro dos trevos machucados.
Ou, quando muito,
A longa, misteriosa vibração dos alambrados...
Mas nada de superaviões, tratores, êmbolos
E outros truques mecânicos!



Bilhete*

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...



*Os poemas citados acima foram tirados no site Jornal de Poesia. Poesia também é notícia.

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