Após o incêndio, não resta nada.
Não sobrou nada. Não há mais nada. A História e as histórias que o Museu
Nacional, Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, guardava viraram cinzas.
A imagem do Museu sem teto é desoladora. Triste! As paredes e as estaturas que resistiram ao fogo testemunham agora o vazio. Um vazio que dificilmente será ocupado, uma vez que o acerto era único...
Luzia foi encontrada em Lagoa Santa, Minas Gerais em 1974.
Luzia, o esqueleto mais antigo
encontrado nas Américas, com cerca de 12 mil anos de idade, era uma jovem
mulher que morreu entre 20 e 25 anos. Não sei dizer do que ela morreu, (preciso
pesquisar), mas ela morreu de novo no domingo, dia 02 de setembro de 2018. E
diferente da primeira vez, ela não vai voltar. Sua história, gravada em seus
ossos, desapareceu. Assim como as demais histórias que o Museu Nacional
guardava e pesquisava.
O incêndio apagou definitivamente
(como gostaria de estar errada!) 200 anos de História e de histórias. De
narrativas e de memória. De estudos e de pesquisas.
Estou atordoada com isso! Eu
também sou pesquisadora. Tenho mestrado em Letras e choro ao pensar que a História que habitava o
Museu Nacional da UFRJ e a história que os alunos de pós-graduação construíam
ali se perdeu.
Então me lembro do mito da Fênix,
ave mitológica que renascia das cinzas. História mais do que apropriada, não? E
torço para que isso aconteça (ainda não perdi as esperanças) e que cada aluna e
aluno, assim como as professoras e os professores renasçam das cinzas. E sei
que elas e eles vão conseguir!
No entanto, sinto, mesmo não
querendo sentir, que diante da situação política, social e econômica do país, o
renascer será dolorido. Ainda que tenha esperanças de que este crime absurdo
provoque algo (tem que ter causado algo), tenho medo que passado o impacto
desse horror, a única coisa que nos reste sejam as paredes e as estatuas de um
museu vazio de vida e de História!
Dedico este texto às alunas e aos alunos, às professoras e aos professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).