domingo, 5 de abril de 2020

Espaço para uma crônica




Meu querido diário!



Diário, em linhas gerais, é o registro diário ou habitual da vida de uma pessoa. A pessoa conta o que ela fez ao longo do dia, da tarde ou, de repente, da noite. É um espaço para relatar, meditar, analisar, divagar... É um lugar íntimo para se conversar consigo mesmo e para se guardar a memória.
Embora fascinante, eu mesma nunca tive um. Na verdade, durante a adolescência, tentei escrever um, num caderno velho. Porém, a tarefa foi logo abandonada, tanto que nunca mais encontrei as tais anotações.
O tempo passou, e cá estou enfrentando uma pandemia, juntamente com o resto do mundo, quando decido escrever... um diário.
Ainda estou no começo e já tem pouco mais que seis, sete, oito dias. E apesar de ter alguns buracos, tenho registrado meus dias de isolamento social por causa do Coronavírus. E a experiência tem sido importante, porque escrever tem me salvado emocionalmente.
A ideia de conversar comigo mesma é real quando se escreve um diário. E já que estou sozinha em casa, ele se tornou um ouvinte paciente e atento. Na verdade, é ela. E seu nome – quem tem diário sempre o nomeia – é Anne. A referência é óbvia, mas caso você não saiba quem é, recomendo a leitura de O Diário de Anne Frank.
De certa forma Anne e eu passamos pela mesma situação, salvo algumas questões de tempo e de espaço. Porém, nós duas tivemos que nos esconder para fugir do inimigo. Ela, do Nazismo alemão, e eu, de uma doença invisível e sem cura até o momento. Além disso, outra coisa nos une: a escrita.
Ela queria ser escritora e desejava publicar seu texto, motivada pela notícia ouvida no rádio, que registros sobre a guerra ganhariam publicação após o fim da Segunda Guerra Mundial. E assim como ela, eu também quero ser escritora. Não sei se meu diário será publicado... ops! Ele está sendo publicado. O título é Diário de um isolamento. É uma publicação virtual, mas nada impede de ele ser físico no futuro! No presente, ele já existe e espero que meu diário também se torne tão querido como o de Anne foi e continua sendo!
No entanto, quero que ele não seja só isso. Espero que este registro possa dar conta de todo o momento que passo e vivo. As palavras às vezes não dão conta. Mas sem problema. O mais importante de tudo é que eu estou viva, logo o texto também estará.

Espaço para uma crônica

  A noite do barulho   Era 1h50 da manhã de sexta-feira quando fui dormir. Um pouco tarde, eu sei, mas o sono tem se atrasado ultimament...