sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Espaço para uma crônica



Um passeio quase perfeito

Sol.
Céu azul.
Um dia perfeito.
Um dia perfeito para andar de carro, de carro novo. Neste caso, um Mercedes-Benz SL conversível branca, que vai de zero a 100 em 3,9 segundos. Seiscentos e trinta cavalos de potência!!! É velocidade pura! Palavras do meu pai. E como um bom motorista que é (e feliz da vida com o carro novo), ele me convidou para dar uma volta numa autoestrada próxima, aqui na Alemanha.
E lá fomos nós. Estrear o conversível do papai.
Armada de óculos de sol, chapéu e felicidade, além do protetor solar e do senso de aventura, entrei no carro disposta a curtir o passeio e relaxar.
Sentei-me no banco do passageiro, coloquei o cinto de segurança e os pés no painel (para desespero do meu pai) e esperei a velocidade aumentar para aliviar o calor. De olhos fechados, prestava atenção no barulho do motor. Ainda que ele não existisse realmente. É super-rápido e silencioso, disse meu pai.
E uma coisa é certa: que carro maravilhoso. É impossível não se sentir voando, flutuando... A sensação é de liberdade. De frescor. De felicidade. De umidade?
Chuva? Sim! Era chuva. A meteorologia tinha avisado que teríamos chuvas esparsas por causa do calor. E, no verão, nada melhor que uma chuvinha para refrescar o calor quase infernal. Mas havia algo de podre nessa chuva. Mais do que podre, o cheiro lembrava...
MERDA!!! Gritou meu pai.
Sentindo um aroma digno de banheiro de beira de estrada, tirei os óculos, abri os olhos e lá estava ela: a merda. Da pior forma possível. Líquida, pegajosa, fedorenta.
Antes de entrarmos na autoestrada, e muito antes de sairmos da garagem de casa, o cano de esgoto do vizinho explodiu nos atingindo igual a uma mosca na parede: em cheio. E numa velocidade...
Enfim, o que era para ser um dia perfeito, tornou-se um perfeito fedor, que durou vários dias de banhos, perfumes, banhos e mais perfumes. Quanto à Mercedes-Benz nova do papai, depois de inúmeros banhos e perfumes (mais fortes que o Chanel nº 5), ele preferiu trocá-la. Em vez de conversível branco reluzente de antes, agora temos um Mercedes prata também reluzente, mas sem a capota reversível. A imagem do conversível transbordando merda ainda causa muita dor ao meu pobre pai.

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