Depois deste pedido tão singelo e sincero, não tenho outra alternativa a não ser atualizar o blog! Mas o que irei falar, ou melhor, o que irei escrever?
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A resposta é mais do que simples e obvia: LITERATURA!
Claro que há outros assuntos a serem tratados, discutidos, avaliados, questionados, contudo, prefiro a Literatura. E para mostrar o quanto ela é indispensável, elejo Manuel Bandeira como mote desta escrita e de uma flexão: relatividade e verdade!
Poema tirado de uma notícia de jornal*
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A resposta é mais do que simples e obvia: LITERATURA!
Claro que há outros assuntos a serem tratados, discutidos, avaliados, questionados, contudo, prefiro a Literatura. E para mostrar o quanto ela é indispensável, elejo Manuel Bandeira como mote desta escrita e de uma flexão: relatividade e verdade!
Poema tirado de uma notícia de jornal*
João Gostoso era carregador de feira livre e morava
[no morro da Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
Um dos poemas mais conhecidos e, na minha opinião, mais brilhante de Bandeira, este texto não mostra apenas uma critica social, contudo, revela também que a Literatura não dá respostas. Pelo contrário, ela nos faz pensar qual seria a pergunta.
Observemos o poema de Manuel Bandeira.
Por que João Gostoso “se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas”? Seria por causa de alguma dor física ou emocional? Se pensarmos na obra de Bandeira, saberemos que esse poema mais do que um exemplo de texto moderno, é a síntese da dor humana, associada a dor social. Um retrato do ser humano, que sem existência social e econômica, comemora o fim do dia e por tabela, o fim de sua vida.
Entretanto, o que me fez pensar neste poema foi a fala de alguns adolescentes. Durante esta semana, vários meninos e meninas me questionavam se a morte de João Gostoso realmente aconteceu ou não, visto que ela foi tirada de uma notícia de jornal. Mas a publicação de tal notícia no jornal significa verdade, então?
Uma das temáticas do Modernismo do começo do século XX era produzir uma Literatura, cujos assuntos fugissem dos paradigmas preestabelecidos: poesia deve cantar amor, beleza, felicidade, etc., etc., etc.. E um exemplo disso, é Manuel Bandeira que soube trabalhar maravilhosamente bem com temas como a morte, a doença e a vida. Além disso, era o momento de transformar vida simples e cotidiana, na mais pura Literatura. E convenhamos, Bandeira fez isso muitíssimo bem!
Mas voltemos à questão adolescente: o suicídio de João Gostoso, personagem que socialmente não existe, aconteceu de verdade? Para muitos deles, não sei precisar um número exato, o fato narrado ocorreu de verdade sim, pois saiu no jornal. Logo, é verdade. Porém, o que é verdade? Jornalismo foca a verdade? Ou apenas apresenta uma parte da verdade?
É impossível dizer! Jornalismo, por mais impessoal que seja, revela o que pensa ser a sua verdade. Ou seja, mostra apenas uma parte da verdade, que está lá fora, como diria o agente Fox Mulder, do Arquivo X. No caso do “Poema tirado de uma notícia de jornal”, Manuel Bandeira não quis “cantar” a verdade ou dizer que seu poema é baseado na verdade. Pelo contrário, a notícia do jornal do título é apenas um espaço de onde o poeta pernambucano captou ideias e imagens. É das notícias diárias e banais do jornal que surgem o lirismo, a poesia de Bandeira.
Na realidade, a verdade é relativa. E revela-la é, no mínimo, impossível! Nem mesmo a História consegue dar conta da tão desejada verdade. Por isso, penso que a Literatura, e no caso, o texto inspirador desta postagem, é um descortinamento de um mundo, que existe e que preferimos não ver! Entretanto, por mais que fechemos os olhos e pulemos as notícias trágicas no jornal, a Literatura as toma e as expõe, pois sua única verdade é revelar outras vidas.
Dedico essa postagem para Manuela, autora do título; Leandro, Wellen e demais jovens que não se contentam com meias verdades!
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
Um dos poemas mais conhecidos e, na minha opinião, mais brilhante de Bandeira, este texto não mostra apenas uma critica social, contudo, revela também que a Literatura não dá respostas. Pelo contrário, ela nos faz pensar qual seria a pergunta.
Observemos o poema de Manuel Bandeira.
Por que João Gostoso “se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas”? Seria por causa de alguma dor física ou emocional? Se pensarmos na obra de Bandeira, saberemos que esse poema mais do que um exemplo de texto moderno, é a síntese da dor humana, associada a dor social. Um retrato do ser humano, que sem existência social e econômica, comemora o fim do dia e por tabela, o fim de sua vida.
Entretanto, o que me fez pensar neste poema foi a fala de alguns adolescentes. Durante esta semana, vários meninos e meninas me questionavam se a morte de João Gostoso realmente aconteceu ou não, visto que ela foi tirada de uma notícia de jornal. Mas a publicação de tal notícia no jornal significa verdade, então?
Uma das temáticas do Modernismo do começo do século XX era produzir uma Literatura, cujos assuntos fugissem dos paradigmas preestabelecidos: poesia deve cantar amor, beleza, felicidade, etc., etc., etc.. E um exemplo disso, é Manuel Bandeira que soube trabalhar maravilhosamente bem com temas como a morte, a doença e a vida. Além disso, era o momento de transformar vida simples e cotidiana, na mais pura Literatura. E convenhamos, Bandeira fez isso muitíssimo bem!
Mas voltemos à questão adolescente: o suicídio de João Gostoso, personagem que socialmente não existe, aconteceu de verdade? Para muitos deles, não sei precisar um número exato, o fato narrado ocorreu de verdade sim, pois saiu no jornal. Logo, é verdade. Porém, o que é verdade? Jornalismo foca a verdade? Ou apenas apresenta uma parte da verdade?
É impossível dizer! Jornalismo, por mais impessoal que seja, revela o que pensa ser a sua verdade. Ou seja, mostra apenas uma parte da verdade, que está lá fora, como diria o agente Fox Mulder, do Arquivo X. No caso do “Poema tirado de uma notícia de jornal”, Manuel Bandeira não quis “cantar” a verdade ou dizer que seu poema é baseado na verdade. Pelo contrário, a notícia do jornal do título é apenas um espaço de onde o poeta pernambucano captou ideias e imagens. É das notícias diárias e banais do jornal que surgem o lirismo, a poesia de Bandeira.
Na realidade, a verdade é relativa. E revela-la é, no mínimo, impossível! Nem mesmo a História consegue dar conta da tão desejada verdade. Por isso, penso que a Literatura, e no caso, o texto inspirador desta postagem, é um descortinamento de um mundo, que existe e que preferimos não ver! Entretanto, por mais que fechemos os olhos e pulemos as notícias trágicas no jornal, a Literatura as toma e as expõe, pois sua única verdade é revelar outras vidas.
Dedico essa postagem para Manuela, autora do título; Leandro, Wellen e demais jovens que não se contentam com meias verdades!
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Um comentário:
Taí uma boa lição: Não acredite em tudo que sai no jornal. =)
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