segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Vazio

Após o incêndio, não resta nada. Não sobrou nada. Não há mais nada. A História e as histórias que o Museu Nacional, Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, guardava viraram cinzas.




A imagem do Museu sem teto é desoladora. Triste! As paredes e as estaturas que resistiram ao fogo testemunham agora o vazio. Um vazio que dificilmente será ocupado, uma vez que o acerto era único...


Luzia foi encontrada em Lagoa Santa, Minas Gerais em 1974. 


Luzia, o esqueleto mais antigo encontrado nas Américas, com cerca de 12 mil anos de idade, era uma jovem mulher que morreu entre 20 e 25 anos. Não sei dizer do que ela morreu, (preciso pesquisar), mas ela morreu de novo no domingo, dia 02 de setembro de 2018. E diferente da primeira vez, ela não vai voltar. Sua história, gravada em seus ossos, desapareceu. Assim como as demais histórias que o Museu Nacional guardava e pesquisava.

O incêndio apagou definitivamente (como gostaria de estar errada!) 200 anos de História e de histórias. De narrativas e de memória. De estudos e de pesquisas.

Estou atordoada com isso! Eu também sou pesquisadora. Tenho mestrado em Letras e choro ao pensar que a História que habitava o Museu Nacional da UFRJ e a história que os alunos de pós-graduação construíam ali se perdeu.

Então me lembro do mito da Fênix, ave mitológica que renascia das cinzas. História mais do que apropriada, não? E torço para que isso aconteça (ainda não perdi as esperanças) e que cada aluna e aluno, assim como as professoras e os professores renasçam das cinzas. E sei que elas e eles vão conseguir!

No entanto, sinto, mesmo não querendo sentir, que diante da situação política, social e econômica do país, o renascer será dolorido. Ainda que tenha esperanças de que este crime absurdo provoque algo (tem que ter causado algo), tenho medo que passado o impacto desse horror, a única coisa que nos reste sejam as paredes e as estatuas de um museu vazio de vida e de História!


Dedico este texto às alunas e aos alunos, às professoras e aos professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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