quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Tão atual!

“Que Manuel me perdoe, mas... Vou-me embora de Pasárgada!” Millôr Fernandes

Vou-me embora de Pasárgada
Sou inimigo do rei
Não tenho nada que eu quero
Não tenho e nunca terei
Vou-me embora de Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
A existência é tão dura
As elites tão senis
Que Joana, a louca da Espanha
Ainda é mais coerente
Do que os donos do país.

A gente só faz ginástica
Nos velhos trens da central
Se quer comer todo dia
A polícia baixa o pau
E como já estou cansado
Sem esperança num país
Em que tudo nos revolta
Já comprei ida sem volta
Pra outro qualquer lugar
Aqui não quero ficar,
Vou-me embora de Pasárgada.

Pasárgada já não tem nada
Nem mesmo recordação
Nem a fome e doença
Impedem a concepção
Telefone não telefona
A droga é falsificada
E prostitutas aidéticas
Se fingem de namoradas

E se hoje acordei alegre
Não pensem que eu vou ficar
Nosso presente já era
Nosso passado se foi.
Dou boiada pra ir embora
Pra ficar só dou um boi
Sou inimigo do rei
Não tenho nada na vida
Não tenho e nunca terei

Vou-me embora de Pasárgada.



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