segunda-feira, 8 de março de 2010

8 de Março: Dia Internacional da Mulher

"Com licença poética", Adélia Prado*


Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

 
 
 
 
*Releituras

5 comentários:

Aninha Terra disse...

Eu amo, idolatro esse poema. Somos todas desdobráveis, alucinadas e ciclicas...

Cláudia Dans disse...

Aninha!

Esse poema é maravilhoso! Eu também o amo, pois ele simplesmente nos descreve!

beijos!

Sandra Cajado disse...

Adoro Adélia Prado...
especialmente esta frase:

"Não quero faca, nem queijo. Quero a fome"

Beijos...

Foi conferido a você o selo A&C!!
Beijos e vai buscar viu...
Regra:Não pode repassar...
#Amotú...Dans!!!

Sandra Cajado disse...

Claudinha pega o teu selo aqui nesse link : http://sandra-cajado.blogspot.com/2010/03/selo-arte-cultura.html

Beijos.

Cláudia Dans disse...

oi Sandra!

Eu adoro o último verso: "Mulher é desdobrável. Eu sou." Lindo, não?

Beijos e obrigada pela visita!

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