... o trem começa a explodir!
Desesperadas, as pessoas correm para todos os lados! Desordenadas! Aflitas! Era o retrato do caos!
Petrificados, mudos e, principalmente, assustados, blog e fotolog não sabiam o que fazer! Seus pensamentos eram caos, fogo e metais retorcidos. Estáticos, como estatuas, aguardavam silenciosamente a morte alcançá-los!
Estavam envoltos em pensamentos estéreis, quando uma mulher os empurra bruscamente, trazendo-os de volta aquela realidade aterradora repleta de gritos e explosões! Ambos se olham procurando no outro a solução para tudo aquilo, quando novamente são empurrados por pessoas que correm desesperadamente em busca de abrigo!
“Temos que sair daqui AGORA!”, diz fotolog mais nervoso de que nunca! “Temos se nos salvar! Vamos seu blog configuração antiga e utrapassada!!!!”, puxando-o pelo braço. Blog com um ar de admiração e ao mesmo tempo de medo, olha para o fotolog e fala tranquilamente “Como eu não pensei nisso antes. Aqui está o meu texto. Este é o meu texto: a luta pela vida diante da morte! Este é o meu... é o meu texto!”
“Você ficou louco! Isto não é um texto! É a morte chegando e ela não gosta de textos! Ela gosta de levar gente para cova!”, fala fotolog assustado com as palavras do blog. Mas isso não o comove, e com um brilho intenso em seus olhos, blog responde-lhe.
“Aqui está a nossa chance de sermos reconhecidos! Temos que registrar este acidente, mostrar as explosões, o desespero das pessoas diante da morte! Não podemos simplesmente fingir que não estamos vendo nada ou que isso não é nada! É um acontecimento tão importante quando os terremotos na China ou os protestos pró-Tibete! Venha! Vamos tirar algumas fotos daqueles vagões explodindo! E conquistar o mundo!”
Mais nervoso do que antes, fotolog não acredita no que acaba de ouvir e sem pensar duas vezes, dá um belo soco de esquerda no blog, que o trás a si. “Você está LOUCO!” diz fotolog. “Só um blog lelé da cuca pode dizer uma bobagem desta! Claro que isso pode render um belo texto jornalístico, mas não vai ser possível escrever um agora, a não ser que você queira escrevê-lo do inferno!”
Envergonhado pelo que disse, blog segue o fotolog até uma colina, onde os passageiros do trem esperavam por auxilio. Cabisbaixo e triste, fotolog aproxima-se do colega e pergunta-lhe se estava tudo bem. Ainda envergonhado, blog balança a cabeça positivamente. Ao longe, via-se uma grande fumaça negra saído do trem. Todos se perguntavam o que teria provocado o acidente e a explosão, e se havia mortos ou feridos. Conforme o tempo passava, as explosões diminuíam, permitindo que os bombeiros se aproximassem para ver os estragos e verificar se existiam mortos ou não.
Eram por volta da meia noite, quando blog e fotolog foram levados para cidade próxima. Lá, na central de atendimento, ambos observavam o vai e vem dos atendentes e dos médicos que socorriam os feridos. Sentados num banco aguardavam para serem liberados, mas ao mesmo tempo, aguardavam também uma oportunidade para conversarem e esclarecerem o que tinha ocorrido. De repente, o fotolog tira de sua bolsa um bloco de notas e uma caneta, e entrega ao blog. Surpreso com a atitude do colega, blog aceita o presente inusitado e pergunta-lhe por quê. “Escreva o que você viu! O que você sentiu! Não se esqueça de falar das explosões, das pessoas que corriam, mas não faça isso com olhar de jornalista. Use o seu coração. Tenho certeza que você escreverá um ótimo texto.”
Sem se despedir, fotolog desaparece no meio da multidão. Blog permanece ali, tentando entender o que faria dali em diante.
Dias depois, de volta a sua cidade, os amigos de blog perguntavam-lhe como tinha sido o acidente, as explosões. “Mas quem era o homem que gritou?” “Morreu alguém?” “Você não teve medo?” até que alguém lhe disse “Blog, por que você não escreve um texto sobre isso? Tenho certeza que você escreverá um ótimo texto como você sempre quis! Afinal, não foi por isso que você foi viajar? Então aproveita!”
Naquele instante, blog lembrou-se do fotolog e do seu objetivo quando foi viajar: encontrar um texto que quisesse ser postado em suas páginas. E apesar de não ter encontrado o texto que desejava, ele encontrou o motivo ideal para começar a escrever o texto que sonhava tanto postar!
Fim
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