quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O Amor na Literatura

Hoje, na Europa, no Canadá e nos Estados Unidos, é dia de São Valentin, é Dia dos Namorados.

Como aqui tal comemoração ocorre apenas em junho, resolvi antecipar e recorri a Literatura, mais especificamente a Brasileira e mais profundamente a Moderna, para festejar o sentimento símbolo dessa data: o AMOR.

Claro que poderia utilizar minha experiência e falar sobre o Amor. Porém, acredite, ela não é digna de nota, nem de leitura. Sendo assim, fiquemos com a Literatura, pois esta sim é digna de leitura, de releituras e de muitas outras leituras.




Aceitarás o amor como eu o encaro?..., Mário de Andrade*
Aceitarás o amor como eu o encaro ?...
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.

Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.

Que grandeza... a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações serenas.


Enigma do amor, Murilo Mendes*

Olho-te fixamente para que permaneças em mim.
Toda esta ternura é feita de elementos opostos
Que eu concilio na síntese da poesia.

O conhecimento que tenho de ti
É um dos meus complexos castigos.
Adivinho através do véu que te cobre
O canto de amor sufocado,
O choque ante a palavra divina, a antecipação da morte.
Minha nostalgia do infinito cresce
Na razão direta do afastamento em que estou do teu corpo.

As sem-razões do amor, Carlos Drummond de Andrade*

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.




Um comentário:

Patrícia Castro disse...

Muito legal o teu post. Parabéns pelo blog! Um abraço

Espaço para uma crônica

  A noite do barulho   Era 1h50 da manhã de sexta-feira quando fui dormir. Um pouco tarde, eu sei, mas o sono tem se atrasado ultimament...