sábado, 15 de dezembro de 2007

Quando a palavra é mais forte que a espada

À medida que nascem os textos que habitaram este blog, ressurgem do passado imemorial algumas histórias, em geral fragmentadas, do meu contato com a palavra escrita e, consequentemente, com a Literatura.

Lembro-me claramente de um livro lilá, cuja capa tinha uma ilustração, retirada de uma das histórias. Suas folhas eram firmes, como a destes livros infantis feitos de papelão. Porém, o que me atraia nele não era a cor ou o material de que era feito, e sim a história ali presente.

O livro tinha duas narrativas. A primeira era Aladim e a Lâmpada Mágica. E a segunda, Ali Baba e os Quarenta Ladrões. Das duas histórias, a mais lida e relida era a do Ali Baba. E acredite, ela era relida constantemente!!!! E mesmo perdido no tempo no espaço... ainda guardo uma grande paixão por esse texto. Quem dera se pudesse tê-lo em mãos...

Com uma força mágica inexplicável, uma parte de minha infância foi marcada pela frase “Abre-te sésamo!”. Cada vez que Ali Babá dizia “Abre-te sésamo!” diante da caverna repleta de tesouros magníficos, abria-se também uma outra, que só ganharia concretude anos depois: a paixão pela palavra e pela escrita.

De repente, não mais que de repente, as histórias lidas e ouvidas, quando criança, ganharam significado. Mais do que isso, ganharam um colorido que jamais imaginei que elas possuíssem. Porém, essa descoberta ocorreu há pouco tempo, numa das inúmeras sessões da tarde da vida, quando assisti ao filme As Mil e Uma Noites.

Dentre as mil e uma histórias contadas por Sherazar para entreter o sultão, eis que se inicia a narrativa de Ali Babá, que por um acaso do destino, descobre o esconderijo de 40 ladrões. Atento a toda a movimentação do bando, Ali Babá guarda não só o caminho da caverna com os vários tesouros, como também a palavra que a abre: “Abre-te sésamo!”.

Foi inevitável não me lembrar do antigo livro, da antiga história e, principalmente, o que aquela narrativa deixou em mim! Confesso que além da lembrança, a emoção ressurgiu também. Entretanto, mais que lembranças e emoções, essa história revelou-me algo a mais: minha paixão pela palavra escrita e, consequentemente, pela Literatura.

Se hoje tenho uma fortíssima ligação e paixão pela Literatura, provavelmente ela nasceu durante as inúmeras leituras de Ali Baba e os Quarenta Ladrões. A cada nova leitura, a semente da Literatura era plantada, para floresce anos mais tarde e não morrer jamais. Claro que essa história não foi a única a influenciar-me, porém ela foi a Primeira, a Origem de todo um trabalho que pouco a pouco cresce esperando o momento certo para dar os frutos. Na verdade, a semente literária já deu frutos. Um deles é este blog, que lentamente vai desabrochando em meio ao caos climático que aponta no horizonte.

É natural, portanto, que este espaço virtual se chame PALAVRA ESCRITA. É obvio e evidente, especialmente, depois de tudo que comentei anteriormente. A palavra é, para mim, pedra chave, mola principal na construção do texto, seja ele ficção ou dissertação. Para a palavra não existe limite ou restrição, pois a palavra é dona de uma força superior a milhões, bilhões e trilhões de espadas. Porque enquanto esta marca o corpo, aquela marca a alma, profunda e eternamente.

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