Eu li esse livro no início do meu
colégio, hoje ensino médio. Indicação da professora de língua portuguesa e
literatura. Foi uma leitura impactante. Eu fiquei atordoada! Será que aquele
futuro ali narrado pode acontecer com o Brasil algum dia?
Desde o ano passado, ou um pouco
antes, não sei bem, a leitura deste romance me assusta. Ou, melhorando o discurso,
me vem a mente. Para quem nunca o leu, um pequeno resumo retirado do site da
Livraria Cultura.
Romance apocalíptico, no sentido de contar uma história do fim dos
tempos, “Não Verás País Nenhum” se desenrola em um futuro não determinado - Uma
época terrível, na qual a Amazônia se transformou em um deserto sem nenhuma
árvore; onde “O lixo forma setenta e sete colinas que ondulam, habitadas,
todas. E o sol, violento demais, corrói e apodrece a carne em poucas horas”;
onde a carência de água impõe a reciclagem da urina, bebida pelas pessoas. A
administração do país chegou ao caos. Governantes medíocres, cada vez mais
afastados do povo, interessados apenas em vantagens pessoais, uma polícia
corrupta e assustadora. No meio desse mundo sombrio, uma história de amor, na
qual o autor sugere que nem tudo está perdido, pelo menos enquanto o
bicho-homem alimentar esperanças e for capaz de gestos de generosidade.
Claro que o resumo não dá conta
do livro, mas já dá uma ideia do que ele é. E este livro do Ignácio é
extremamente atual, ainda que tenha sido escrito na década de 1980.
As lágrimas já diminuíram, mas às
vezes elas voltam. Assim como a raiva. Dizem que o luto tem fases. Passei pela
surpresa e questionamento – como isto aconteceu? –, depois passei pelo choro –
um pouco contido – e depois pela raiva – misturada a um humor leve, porém
presente.
Não sei como vou estar amanhã. Sei
que preciso encontrar forças, é preciso ser resistência... é preciso lutar pela
democracia. No entanto, agora, só sinto medo. Muito medo de que a ficção se
torne realidade.
Lembrei-me de uma cena de um
filme: “E o vento levou”. A certa altura, a personagem principal – Scarlet O’hara
– diz: “Amanhã! Amanhã será outro dia!”. Sim. Amanhã será outro dia e mesmo que
hoje a esperança não vigore, ela surge, lentamente, tão qual a flor que nasceu
no meio da rua!