segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Espaço para uma crônica

 

A noite do barulho

 

Era 1h50 da manhã de sexta-feira quando fui dormir. Um pouco tarde, eu sei, mas o sono tem se atrasado ultimamente. Preparei tudo: escovei os dentes, vesti o pijama, arrumei a cama e lá fui para os braços de Morfeu!

Mas nem tudo foram flores e bons sonhos. Enquanto esperava o deus do sonho chegar, escuto um barulho... não era dentro do quarto... Era no outro lado da porta, onde deveria reinar apenas o silêncio, quebrado eventualmente pelo apito pertinente do guarda noturno, que naquela hora devia estar dormindo e não ouvindo barulhos.

Tento então identificar o que era aquele misterioso ruído.

Pelo avançado da hora, só poderia ser o meu vizinho. Ele costuma fazer barulho em horários bem estranhos. Além de fazer barulhos bem estranhos também. Concentro-me e depois de alguns minutos (ou segundos?) chego à única conclusão possível: aquele som não vinha do vizinho. É bom dizer que não tenho apenas um, mas vários. Ou seja, poderia ser qualquer vizinho de qualquer andar. Seria alguém do primeiro?

A ideia foi logo descartada. O barulho era irritante, mas não alto o suficiente a ponto de sair do primeiro andar e subir as escadas só para me incomodar. Além do mais, o barulho lembrava alguma coisa, porém não conseguia saber o que era com certeza. Poderia ser qualquer coisa ou pessoa... possibilidade também descartada. Teria que ser no mínimo o Homem Aranha para escalar vários andares até chegar a minha casa. Ops. Apartamento.

O barulho continuava. Estava mais alto e persistente. E uma coisa era certa: aquele som estava atrasando o meu sono, ou melhor, atrapalhando o meu sono. O jeito era sair, procurar o ruído e acabar com aquela barulheira. Saio da cama decidida. Agora vamos ver quem vai fazer barulho aqui! Lembro-me então que precisaria abrir a porta do quarto para descobrir onde estava aquele som. Obviamente o medo já tinha aparecido para animar a pessoa. Mas lá fui eu, com medo mesmo e sem animação alguma.

Uma vez no lado de fora, a sala era parcialmente iluminada pela luz do quarto. Olho em volta e não vejo nada. Já o ruído... sumiu? Era chuva? Pergunto sem convicção alguma. Vou até a janela da sacada e só vejo o escuro e as luzes das casas. Já a chuva... esta, pelo visto, nunca existiu. Decidida a ir dormir, com ou sem barulho, dou meia volta rumo à cama e quem sabe ao sono, quando descubro que tinha chuva mesmo. E estava atrás da porta. Atrás da porta do banheiro! E agora, José?

Temendo o pior. Tremendo pelo pior. Encostei o ouvido na porta, imaginando que pudesse se alguém! Só escuto água caindo. Quem estaria tomando banho à uma hora desta? Seria mesmo o Homem-Aranha, que resolverá usar o meu banheiro para se limpar? (Herói também se suja!)

Abro a porta vagarosamente. Não estava com pressa! Toco no interruptor como quem coloca a mão num buraco desconhecido: morrendo de medo e com os olhos fechados. Click! A luz ilumina tudo. Inclusive o box... vazio? Por um motivo que desconheço, meu chuveiro resolveu fingir que o banho não tinha acabado e ficará ligado. Ou quase ligado. Fecho o registro. Amaldiçoo o chuveiro e toda sua família. Isto é hora de abrir? Por que abriu? Por favor, né? Vamos colaborar com a humanidade!

Voltei para cama irritada. Até Morfeu já tinha ido dormir. Deito e me enrolo no edredom. Antes disso, dou uma olhada no relógio do celular: são duas da manhã. Esta noite rendeu mesmo. De repente... o chuveiro de novo não! Já virou sacanagem. Mas para alivio geral da nação não era o chuveiro de novo não. Era a chuva sim! Puxo o edredom mais um pouco para me enrolar mais uma vez. O som da chuva era tranquilizante. Fecho os olhos... sinto o sonho chegar... Só espero que não seja com o chuveiro!

Espaço para uma crônica

 

Tudo que começa tem que terminar!

  

Terminei!

Quando começou a quarentena, comecei a ler o livro Como se encontrar na escrita, da Ana Holanda. Foram cinco meses de leitura e de... Não! Na verdade, eu leria em um ou dois meses, mesmo parando para anotar tudo que achava interessante ou lindo, num caderno que me segue sempre. E por que a demora? Ler e anotar foram tão detalhados assim?

 

 

 A resposta é desanimo. E um pouco de preguiça. Prefiro pensar que a leitura entrou em quarentena. Ela também se trancou em casa para não pegar o coronavírus. E assim ficou! Porém, essa pausa aproximou-se muito de uma paralisia. Uma falta de atividade total. No caso, de leitura. E de escrita. Até mesmo o meu diário parou. Ou eu que parei o diário? A questão é que parei e não me importei. Não me incomodei e nem chorei. Até que de repente, não mais que de repente, tudo voltou! A leitura, a conclusão da leitura. A anotação, a conclusão da anotação. Enfim, o fim! 

Para quem não leu nada nos últimos CINCO MESES, com exceção dos textos dos alunos (das aulas ead), finalizar a leitura do livro da Ana Holanda foi um grande progresso.

Não sei se amanhã (terminei a leitura na segunda-feira, dia 11), terá mais alguma leitura (Estou terminando um sobre o ensino da gramática. Excelente, diga-se de passagem) ou mesmo a escrita de algum texto. Torço para que isso ocorra mesmo, que as duas coisas que mais amo fazer se façam presente de alguma forma.

Quanto ao diário da quarentena, confesso que não sei o que fazer com ele. É um bom projeto. Continuar? Ainda não encontrei o jeito e tão pouco as palavras. De repente, eu também volte para ele. Ou quem sabe ele volte para mim. Seria um bom encontro. Não. Seria um bom reencontro!

Espaço para uma crônica

  A noite do barulho   Era 1h50 da manhã de sexta-feira quando fui dormir. Um pouco tarde, eu sei, mas o sono tem se atrasado ultimament...