Depois de um longo tempo longe do
blog, mergulhada nas inúmeras leituras do mestrado... resolvi voltar. É uma volta
mais do que necessária. Embora eu nunca tenha usado o Palavra Escrita para
falar sobre outros assuntos, já que o foco aqui é a Literatura, abri uma
exceção: às vezes, é preciso parar um pouco a leitura e olhar o que acontece a nossa volta!
Com a redistribuição de alunos por ciclos que acontecerá em 2016, muitas escolas vão fechar, muitos
professores vão perder o emprego e muitos alunos serão prejudicados. Enfim,
será um verdadeiro caos! E sem falar que só a transferência desse povo todo já
vai gerar uma bagunça generalizada. Mas a questão mais grave vai ser o
fechamento de turnos em várias escolas, em especial o noturno.
Por exemplo, a escola tem dois
ciclos, ensino fundamental II e ensino médio, sendo este noturno. Muitos dos
alunos desse período trabalham ou fazem cursos técnicos. Na escola em que
trabalho tem muitos casos assim: aluno que trabalha o dia todo e estuda à
noite. Outros que fazem técnico de manhã ou de tarde e concluem o médio à
noite.
Agora vão supor que a escola não
terá mais o ensino médio. O que acontece com os alunos desse período? Eles vão
ser transferidos para uma escola que terá, como deseja o secretário, ensino
diurno (manhã ou tarde). E o que acontece com o aluno que trabalha? Será que
ele vai conseguir mudar o horário do trabalho dele? E o que faz escola técnica
de manhã? De repente ele consegue estudar à tarde. E se o curso for de tarde, e
a escola nova só tiver ensino médio à tarde? Como este aluno fica? Às vezes o
curso técnico tem em outro horário. E se o curso que esse aluno faz só tiver
num horário? Muitas ETEC´s oferecem cursos técnicos apenas num determinado
horário. Ou seja, se o aluno precisar mudar de horário, ele terá que ir para
outra escola. Complicado, não?
Agora vamos supor que a escola
fica com o ensino médio e o fundamental II vai para outra escola (prefiro não
pensar no que vai acontecer com estes, mas vai ser complicado também). A
situação não muda. Os alunos terão que adequar suas rotinas para poderem
concluir o ensino médio. E se não conseguirem? O que acontece com eles?
Dependendo da situação, vai ter aluno que terá que trancar o curso que faz. E
se ele trabalha, duvido muito que ele saia do emprego para estudar.
Sem falar que com essas mudanças,
o aluno pode ir para uma escola longe não só da casa dele, mas também do
trabalho ou do curso. Aumentando gastos com transporte que antes ele não tinha.
Enfim, redistribuir os alunos para escola com um único ciclo não vai melhorar
em nada. Essa redistribuição já aconteceu antes e não deu certo. Mas mesmo
assim, vão repetir a experiência, que segundo o secretário vai ser bom para o
aprendizado do aluno, pois a escola tendo só um ciclo poderá trabalham melhor
os conteúdos, focar melhor o currículo... Será que vai mesmo? Os transtornos
que vão surgir, a meu ver, não compensam.
Além disso, os professores vão
ter que mudar de escola. Terão que ir para outras unidades, às vezes, mais
longe da atual. E se ele tiver acumulo, terá que escolher também. Sem falar que
o professor pode ter um outro trabalho cujo horário não tem como mudar. Por
exemplo: o professor trabalha numa empresa e leciona à noite. Muda para uma
unidade que só terá diurno, o que acontece com o trabalho dele? Dependendo da
situação, esse professor terá que exonerar.
Já existe uma falta significativa
de professores na rede e com essas mudanças, a tendência é aumentar ainda mais.
Caso o professor acumule o estado com a prefeitura, é obvio que ele vai para
prefeitura. Mesmo porque, segundo o secretário, não terá aumento salarial em
2016. Agora, quem só tem o estado, com certeza, enfrentará problemas.
Esse
professor poderá ir para uma escola longe da casa dele, ele terá que trabalha
num horário diferente do que está habituado e se ele estuda, por exemplo, corre
o risco de ter que trancar o curso. Enfim, será uma situação bastante
complicada não só para os professores, como também para os alunos, que terão
que mudar suas vidas em função de uma ideia que todos nós já conhecemos o
final.